Apresentação – REVEL
A Revista de Estudos Lúdicos (REVEL) reúne diferentes esforços de colaboração em pesquisa e em produção de iniciativas lúdicas. Continua uma tradição de pesquisa em língua portuguesa, porém recebe também artigos em Espanhol e Inglês. Mescla textos estritamente acadêmicos e relatos de desenvolvimento dos estudantes e profissionais.
Princípios editoriais da REVEL
A experiência lúdica ampla norteia o que chamamos aqui, desde o título, de “estudos lúdicos”. A palavra experiência é útil na caracterização dos princípios epistemológicos, editoriais e éticos da revista.
Tal experiência articula um lugar de atrito da teoria na prática. Epistemologicamente, a caracterização do que é brincar, jogar ou o que é lúdico gera, com frequência, especialidades fechadas, como quando alguém que estuda jogos somente admite sistemas de regras explícitas ou quando um estudioso dos jogos digitais vira as costas a uma gincana. Aqui, optamos pelo contrário: como a experiência lúdica evolui com a técnica (dos jogos de sociedade tradicionais, com seus mestres e suas ligas, aos e-sports, com seus times de jovens e seus fãs apaixonados, ou do humor como futilidade ao gracejo que cura), epistemologicamente escolhemos, alinhados ao que faz a Rede Brasileira de Estudos Lúdicos, a transdisciplinaridade como estratégia de longo prazo para o estudo do Homo ludens.
Editorialmente, portanto, a proposta da revista privilegia o debate aberto, possivelmente em detrimento de alguma especialidade hermética bem aceita alhures. A pluralidade é inevitável numa revista alicerçada no Fórum Acadêmico de Estudos Lúdicos (FAEL), evento baseado na estratégia epistemológica acima descrita e que experimentou em seus cinco primeiros anos (a partir de 2014) um afluxo de trabalhos que parece representar um bom recorte de interesses recorrentes em nossa lúdica sociedade globalizada. Representam, mais especialmente, a situação brasileira (como exemplo, as experiências com ludificação do ensino, por um lado, e o produto humano dos cursos superiores tecnológicos, por outro, são características recorrentes).
Do ponto de vista ético, uma revista deve ter em conta seu papel na experiência. Na existência coletiva, ética torna-se política: os valores e princípios dos agentes em jogo são objeto de negociação e estratégia conforme as necessidades e a contingência de cada um. Na experiência da REBEL, isso significa escolhas editoriais concernentes ao escopo dos artigos, à edição dos textos, aos formatos aceitos. Manter relatos de desenvolvimento de produto e textos de autores discentes, por exemplo, em lugar de estabelecer títulos acadêmicos como requisito para a autoria, é uma escolha estratégica em favor da pluralidade e da colaboração, que caracterizam o FAEL e a REBEL. O acréscimo de seções jornalísticas ou mesmo humorísticas, portanto, não é um desvio do caminho do saber, é uma necessária errância na experiência lúdica.
Ernane Guimarães Neto (editor)
Lucas C. Meneguette (editor associado)